DIMAS CARVALHO
( Brasil – Ceará )
Poeta. Professor da UVA – Universidade do Vale do Acaraú e membro da Academia Sobralense de Estudos e Letras.
(...)
O grande poeta do Acaraú, Dimas Carvalho, nos brinda com mais um livro de sonetos, sua especialidade. Dimas é considerado hoje pela crítica especializada o maior poeta vivo do Ceará.
Sonetos Sem Rumo é uma obra saída do radar do autor que olha o mundo de forma diferenciada. Luiz de Camões e Vinicius de Moraes foram as grandes expressões que cresceram na área da cultura através dos sonetos.
By robertomoreira at setembro 16, 2021
REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS. FORTRI NIHIL DIFFICILE Divisa de Beasconsfield. Ano CXVII – N. 73, 2012. Fortaleza, Ceará: edições Demócrito Rocha, 2012. 344 p.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
Canção dos Tempos Modernos
Para Francisco Carvalho
o crepitar das colheitas,
as ondas das florações,
o aurorar da desfeitas,
perdidas desilusões,
nascem no sopro fremente
do mesmo vento e vulcão,
do mesmo fruto e semente
que há no sim e no não
cavalguei tiranossauros
nos campos da pré-história
os gritos dos dinossauros
navegam pela memória;
da tumba dos ancestrais
fiz estandarte e padrão,
para que o sempre jamais
queimasse em meu coração
fui general e soldado,
pastor de campo e sigilo,
cumprindo o fado traçado
no Mississipi e no Nilo;
lutei, de Delfos no templo,
batalhas contra os titãs;
a espada espadana o tempo,
fecundando os amanhãs
na cidade de cem portas
cem amores semeei,
nas sujas vielas tortas
de Babilônia, fui rei;
o tempo, corcel fogoso
de rubra clina flamante,
num tropel estrepitoso
conduz-me à era distante
no cavalo de Netuno
oceanos percorri,
buscando talvez o rumo
que no Eterno perdi;
buscando talvez o Norte
que com o Sul confundi;
buscando, quem sabe, a morte,
eu, que há muito morri
fosforescente caminho
de mar e de solidão,
de pedra e de puro linho,
de calma meditação;
da certeza e do porém,
do vinho e mitologia,
de todo mundo e ninguém,
do amanhã que se adia
face multifacetada
desencanto vitalício
mistura de tudo e nada,
moeda de amor e vício;
estrada sem horizonte,
de brumas indefiníveis;
no rio que não tem pontes
soluçam sons inaudíveis
tempo de espera e de agora,
sinfonia sideral
na correnteza da hora
cintila o vento geral;
canção que vai e que vem,
vencendo a pedra e o muro,
marulham na fonte, além,
águas dúbias do futuro
*
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Página publicada em janeiro de 2023
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